Incidente do Sangue Corrompido: World of Warcraft e o primeiro caso registrado de epidemia digital

Este vídeo do Canal Assombrado fala sobre o Incidente do Sangue Corrompido (Corrupted Blood incident), o primeiro caso registrado de uma epidemia digital, a qual assolou os servidores do World of Warcraft em meados de 2005. [Acesse a descrição completa]

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Visão geral

Este vídeo do Canal Assombrado fala sobre o Incidente do Sangue Corrompido (Corrupted Blood incident), o primeiro caso registrado de uma epidemia digital, a qual assolou os servidores do World of Warcraft em meados de 2005.

Segundo consta, o caso chamou atenção de epidemiologistas que viram ali uma oportunidade para estudar o desenvolvimento de uma pandemia, na segurança de um ambiente virtual, mas ainda levando em conta o comportamento humano. Também parece que utilizaram a experiência como modelo para uma pesquisa sobre terrorismo.

Mas o que foi esse tal incidente? Tudo começou em 13 de setembro de 2005, com a introdução de um novo raid chamado Zul’Gurub e o seu chefão Hakkar the Soulflayer. Quando confrontado, Hakkar lançava um feitiço altamente contagiante que drenava saúde dos jogadores chamado “Sangue Corrompido” ou “Corrupted Blood”. Esta magia era para ter duração de segundos e só no calabouço da raid, mas algum vacilo dos programadores fez com que os mascotes dos jogadores fossem contaminados, o que começou a espalhar o Sangue Corrompido pra fora. Pelo menos foi o que entendi.

Pra completar, NPCs também podiam adoecer e, embora não morressem, acabavam sendo vetores assintomáticos que podiam transmitir a doença aos jogadores. Ou seja, a receita para o desastre já estava bem definida.

O que se seguiu depois, tanto por acidente ou intenção, foi uma pandemia que rapidamente matou personagens de nível inferior e mudou drasticamente o gameplay do World of Warcraft à época, visto que os jogadores tentavam fazer o que podiam para evitar a infecção.

A pandemia do Sangue Corrompido durou até que uma combinação de patches e resets do mundo virtual finalmente controlaram a propagação. Até então, a galera se virou como pôde, seja com quarentenas impostas pelo programador, o abandono dos jogadores de cidades densamente povoadas ou mesmo simplesmente ficarem sem jogar enquanto o bug não fosse corrigido. Também houveram voluntários com personagens de altos níveis que ajudavam os doentes, enquanto os de níveis baixos (que não podiam ajudar nas zonas de epidemia) tratavam de desviar o trânsito das zonas afetadas para que mais personagens não adoecessem. Teve também os que aproveitaram a desgraça para lootar quem morreu, é claro. Não me espantaria se tivesse muito brasileiro fazendo isso.

Estudos e modelos

Como dito acima, pesquisadores e cientistas aproveitaram a oportunidade para conduzir estudos relativos à epidemias reais, inclusive ao COVID-19, e ao terrorismo.

Em 2007 um epidemiólogo israelense chamado Ran D. Balicer publicou um artigo em que descrevia as semelhanças do incidente do Sangue Corrompido com a gripe aviária e a SARS, aquela variante forte de pneumonia que apareceu em Hong Kong no início do milênio. Depois de várias análises comparativas conduzidas por pesquisadores, a conclusão foi que os modelos digitais desse tipo poderiam ter algum tipo de utilidade diante de alguma epidemia.

Já Charles Blair, vice-diretor do Center of Terrorism and Intelligence Studies (“Centro de Terrorismo e Estudos de Inteligência”), disse que o World of Warcraft poderia fornecer uma nova e poderosa maneira de estudar como as células terroristas se formam e operam. Segundo Blair, como o WoW envolve pessoas reais tomando decisões reais em um mundo com limites controláveis, o jogo poderia fornecer modelos mais realistas para analistas de inteligência militar. A proposta foi recebida com ceticismo por especialistas, com a Blizzard também frisando que o World of Warcraft é antes de mais nada um jogo e que nunca foi projetado para espelhar qualquer coisa do mundo real.

Mais recentemente, como não poderia deixar de ser, compararam o incidente do Sangue Corrupto à Peste Chinesa. Epidemiologistas que estudaram o surto de Sangue Corrompido estão usando a pesquisa do incidente para entender melhor a disseminação do coronavírus – principalmente seus fatores sociológicos, o que me parece uma boa conversa fiada.

A verdade é que nem vale muito a pena aprofundar nesse assunto. Modelos são sim úteis, mas não podem ser usados como literais modelos de como uma sociedade funciona e muito menos como deve funcionar. Ou você acha mesmo que tem gente passando vírus chinês pros outros para lootar os itens que vão dropar de quem morrer? Bata lembrar também daquele estudo fajuto conduzido por um mané desses aí que só serviu para espalhar pânico e justificar parasitas estatais e seus capangas a agredirem ainda mais as pessoas decentes. Você sabe do que estou falando, é daquele estudo que foi tão bom que errou só 90% da projeção.

Todavia, a historia do Incidente do Sangue Corrompido é deveras interessante.

Mais informações e curiosidades


Vídeo adicionado em: 23 de agosto de 2020

Categorias: Vídeos

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Canal: Assombrado

Acessado: 191 vezes.

Duração: 10:58

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